Muda de Penas

 

 

                                        A MUDA NOS PÁSSAROS ADULTOS

 

Embora sejam muito resistentes, as penas, com o tempo, começam a perder o brilho e desgastam-se sendo necessário serem trocadas. Trata-se de um processo normal na vida das aves, relacionado a factores biológicos ligados aos hormónios produzidos pela tireóide.

A muda ocorre todos os anos e inicia-se após a época de cria. Se o pássaro foi bem alimentado irá mudar suas penas facilmente e esta não passará de 6 a 8 semanas. Nesta época a ave pode perder boa parte das penas ao mesmo tempo, mantendo, entretanto, uma razoável quantidade para proteger o corpo e voar.

Se a temperatura estiver elevada, a muda poderá antecipar-se, por outro lado, terminará mais cedo. Em climas moderado e fresco, é normal atrasar.

Nos adultos a troca de penas do rabo, das asas, e demais penas, inicia-se do centro para as extremidades. A muda das penas das asas ocorre simultaneamente e aos pares, no corpo ocorre por inteiro, terminando na cabeça.

As penas caem naturalmente e devagar sendo que quase nem se percebe que o pássaro está na muda; se o pássaro voar com dificuldades ou começar a aparecer a pele, pode haver má alimentação ou outras causas como stress e não devido à própria muda.

Banhos de sol pela manhã (8 às 9 horas) ajudam bastante na muda, sempre com muita atenção ao facto do sobreaquecimento das aves. Mantenha a higiene das gaiolas, evite que o pássaro esteja exposto a correntes de ar e forneça banheiras com água limpa para banhos.

 

 

                                           A MUDA NOS FILHOTES

 

Os filhotes nascem pelados com uma finíssima plumagem, e aos poucos vão aparecendo as penas e quando saem do ninho já estão empenados por inteiro. Os filhotes também mudam de pena em torno do terceiro ao quarto mês de vida, o que chamamos de muda de ninho. Mudam somente as penas do peito e da cabeça, pois as penas das asas e do rabo só mudarão no próximo ano.

 

                                            MUDAS PRECOCES

 

As mudas precoces são consideradas aquelas em que as penas são trocadas fora de sua época normal.

Bruscas mudanças de ambiente, temperaturas muito elevadas, sustos anormais, luzes que acordam as aves durante o seu sono, entre outros factores, são causadores de uma muda precoce.

Um pássaro que entra em muda precoce é um pássaro triste que não cantará. Teremos que aguardar, com paciência, o término do processo. Isto poderá atrasar ou até mesmo eliminar a capacidade da ave para a reprodução.

Devemos tratá-lo muito bem, administrando algumas vitaminas e evitando ao máximo incomodá-lo.

 

                                             NUTRICÃO NO PERIODO DA MUDA

 

A alimentação e nutrição das aves são, normalmente, encaradas como um factor muito importante e, quase sempre apontadas como parte do sucesso ou insucesso na criação. Contudo a maioria dos criadores preocupa-se bastante mais com a alimentação das suas aves durante a fase de criação do que nas restantes.

Para analisar melhor a alimentação das aves, é necessário compreender em primeiro lugar o ciclo reprodutivo “natural” que apresenta alterações relevantes ao longo do ano.

Assim, podemos assinalar três fases distintas no ciclo reprodutivo anual das espécies sazonais, como é o caso do canário selvagem (Serinus canaria) e, obviamente da raça Gloster, iniciando-se como período de descanso, segue-se a época de reprodução, durante a qual o criador redobra a sua dedicação e cuidado para com as aves e, finalmente a época de muda.

 

Estas são as três fases consideradas mais relevantes na criação do canário ao longo do ano. Do ponto de vista nutricional, devemos acrescentar uma quarta fase, a qual refere-se à preparação dos reprodutores, na transição entre descanso e reprodução.

A época da muda assume grande importância, pois influencia directamente a aparência externa da ave. Uma ave com plumagem em más condições dificilmente se mostrará atractiva e muito menos poderá atingir bons resultados em exposição.

Vamos então analisar algumas particularidades da muda e como poderemos conseguir melhores resultados nesta fase através de uma nutrição equilibrada.

A plumagem é uma das características típicas das aves.

 

Aquilo a que chamamos pena, é o elemento base e apresenta uma variação e constituição bastante complexas. Em temos evolutivos, as penas são uma adaptação das escamas dos répteis ancestrais.

Embora estejamos habituados a relacionar as penas unicamente com a capacidade de vôo, estas desempenham diversas outras funções e, podem mesmo assumir especializações bastantes distintas.

Em primeiro lugar são um excelente isolante térmico, mantendo o corpo quente, este factor é de extrema importância nas aves cuja temperatura corporal é mais elevada que nos mamíferos. Segundo, porque permitem uma forma de identificação e comunicação visual, factores essenciais do ponto de vista da camuflagem natural e comportamento sexual.

 

Se as penas constituem o exterior das aves, são obviamente responsáveis pela sua coloração. A forma como as cores estão presentes nas penas é importante para compreender a pigmentação e a forma como observamos as nossas aves.
A cor é conferida por pigmentos que podem estar presentes na própria queratina e, neste caso, são compostas por pigmentos melânicos (melaninas). As melaninas podem de uma forma genérica ser negras (eumelanina) ou castanhas (phaeomelanina). As melaninas conferem as cores castanho, negro e cinzento.

Além desses pigmentos, existem os designados carotenóides que incluem a famosa cataxantina e os beta-carotenos. Existem outros carotenóides como luteínas, astaxantinas e rodoxantinas, com diferenças ao nível da química estrutural. Os carotenóides são de uma forma geral responsáveis pelas cores amarelo, laranja e vermelho.

 

Enquanto as melaninas são produzidas pela própria ave, os carotenóides Têm de ser ingeridos na alimentação.
Estas são as únicas cores pigmentarias que existem na plumagem, todas as outras como o verde e o azul são resultado de alterações estruturais nas penas que alteram a reflexão da luz.

De uma forma mito genérica, uma ave verde possui tanto a pigmentação melânica como factores reflectores. Normalmente no caso dos canários, apenas o factor azul é apontado como um factor de reflexão embora tecnicamente estes existam também noutras linhas de cor.

Quando observamos uma ave, vemos apenas as extremidades das penas, já que estas encontram-se sobrepostas. Como esta também é a zona mais sujeita a desgaste, a coloração vai-se alterando com o tempo. Importa reter sobre a estrutura e formação da plumagem que a coloração apenas é adquirida durante o processo de crescimento da pena, uma vez terminado esse processo, a plumagem perde a capacidade de receber pigmentação melânica e lipocrómica. É por este motivo que é essencial que as aves disponham de condições de nutrição adequadas no período de muda, para que possuam uma plumagem bem constituída e atraente.

 

É importante fornecer aminoácidos sulfurados às aves em muda, pois desta forma entram em muda mais rapidamente, completando-a com mais facilidade e rapidez. A explicação é simples pois as penas são formadas quase inteiramente por proteínas e, particularmente proteínas ricas em enxofre, a alimentação rica em aminoácidos sulfurados facilita a constituição das proteínas necessárias.

As sementes são relativamente pobres em aminoácidos, sendo necessário fornecer suplementos alimentares balanceados encontrados nas melhores marcas disponíveis no mercado.