Criação

 

                                                                

                                                    OVOS BRANCOS

 

O maior número de reclamações dos criadores de pássaros durante a fase de reprodução é a incidência de ovos brancos. Inúmeras são as causas dos altos índices de ovos brancos, dentre estas podem-se incluir as causas ambientais, nutricionais, infecciosas e de manejo.

 

                                                    CAUSAS AMBIENTAIS

 

O ovo mantido em ambiente com ar de má qualidade absorve através dos poros da casca a sujeira, os gases nocivos e os microorganismos patogénicos. O embrião morre antes do sétimo dia da incubação, fazendo com que o criador fique confuso no diagnóstico de fecundação. As causas ambientais e suas soluções são:

Ventilação insuficiente - procure abrir janelas na parte de baixo do canaril, usar tela ou invés de vidro nas janelas, conter vento com cortinas.

Renovação do ar insuficiente - fazer saídas de ar nos pontos mais altos da sala de criação, ou nas paredes opostas a entrada de ar, excepto na parede voltada para o Sul. Fazer sempre saídas altas de ar.

Qualidade baixa do ar – veja renovação de ar, mantenha limpeza do canaril diária.

Ausências de saídas de ar – o ar quente sobe, juntamente com partículas de sujeira e microorganismos, dificultando as trocas de ar.

Sujeira em excesso – Procure trocar ninhos sujos, bandejas com odor forte, bandejas húmidas e fétidas. · Trocas de bandeja inadequadas - Troque as bandejas pelo menos 1 vez por semana. Não acumule papéis sobrepostos nas bandejas.

Varredura de penas – Procure usar aspirador de pó para limpeza do canaril, pois faz pouco pó.

Excesso de pó na criação – use aspirador de pó, ou molhe o chão antes de varrer. Use uma bisnaga de água que faça uma pulverização fina sobre a sujeira.

Mudanças bruscas de temperatura - fora do controle dos criadores, as alterações bruscas de temperatura podem causar baixa fertilidade no macho, morte embrionária na primeira semana da incubação e perda "da libido", ou seja , os reprodutores não ficam mais fogosos.

 

                                                    CAUSA DE MANEJO

 

O ovo contamina-se no meio ambiente através dos poros. Microorganismos da mão dos tratadores e dos criadores podem contaminar o embrião. Da mesma forma como descrita anteriormente, o embrião morre antes do sétimo dia da incubação, ou um pouco mais velho, fazendo com que o criador fique confuso no diagnóstico de fecundação ou perca a postura da fêmea no choco. As causas de manejo e suas soluções são:

Ventilação dos ovos na espero do choco - deposite os ovos que aguardam a volta para o choco em algodão, ou em sementes redondas como o nabo.

Contaminação – Nunca coloque os ovos em espera sobre sementes como o alpiste, pois estas riscam a casca do ovo e seus fungos e bactérias entram através dos poros do ovo, matando o germe do embrião.

Bactérias da mão das pessoas – Streptococcus e Staphylococcus são bactérias que existem nas mãos das pessoas, e que passam para a casca dos ovos, matando filhotes. Pesquisas revelam que foram a causa de morte de 85% de embriões de periquitos australianos. Causa a mesma morte em canários e outras aves. Use luvas ou pinças de plástico para segurar os ovos para ovoscopia e para o repouso antes do choco.

Ovoscopia – choques térmicos e choques mecânicos matam os embriões. Cuidados com ovoscópios sem protecção térmica para apoio dos ovos para a leitura. Forre a borda com cortiça renovável ou espuma. Evite choques do ovo com o ninho ou com o ovoscópio, ou mesmo choques ao transportá-los.

Medicações indevidas – as Sulfas causam ausência de produção de espermatozóides nos machos durante 30 a 40 dias, a chamada azoospermia. Nenhum ovo será galado nestas condições. Não use Sulfas para reprodutores próximo à fase de reprodução.

 

                                                     CAUSAS NUTRICIONAIS

 

As principais causas de ovo branco são as de origem nutricional:

Desbalanceamento nutricional das papas caseiras – fazer testes de bromatologia e suplementação das deficiências. Use papas comerciais registradas.

Falta ou excesso de vitaminas – nestas condições os sintomas são semelhantes, e de difícil diagnóstico. A história da criação é a melhor forma de diagnóstico.

Falta de minerais – os ovos podem ficar frágeis, com casca porosa ou irregular, causando fracturas de casca, contaminações mais frequentes, perda de fêmeas em acidentes na oviposição. Use cálcio líquido específico para aves, ele melhora a formação da casca dos ovos, prevenindo a ocorrência ovos de casca mole, aumenta a resistência do ovo à incubação. Promove contracção sincronizada do oviducto, prevenindo a retenção de ovos virados nas fêmeas em postura. Previne a baixa postura.

Acção do complexo de vitaminas - usado para manter e restabelecer a saúde dos com desgaste da reprodução e da cobertura nos machos, desgaste da postura e criação dos filhotes pelas fêmeas, desgaste físico do desmame, calor e frio excessivos, variações bruscas de temperatura, deficiências nutricionais, todas causas de ovo branco. Tem grande indicação na reprodução para melhorar a fertilidade de fêmeas e de machos, e preparar os jovens reprodutores, age nos picos de produção de ovos.

Deficiência de aminoácidos – exemplo metionina e lisina. A Metionina promove aumento no tamanho dos ovos das fêmeas em postura, aumento da fertilidade dos machos e melhora da eclosão dos ovos. A Lisina previne o canibalismo de filhotes e de ovos. · Vitamina A actua em casos de baixa fertilidade.

Vitamina E encontrada na Levedura seca tem acção importante na reprodução. Previne a morte embrionária, a baixa eclosão dos ovos, a degeneração testicular dos machos.

Biotina é uma vitamina indicada na baixa eclosão de ovos, morte embrionária.

Levedura é um alimento natural rico em proteínas, minerais, vitaminas do complexo B (vitamina B1, B2, B6), bem como vitaminas do tipo ácido nicotínico, ácido pantotênico e ácido fólico, e quando usado de forma contínua, auxilia na reprodução das aves, colaborando com a acção das outras vitaminas importantes para a reprodução, citadas acima.

ode ser encontrado da forma pura ou agregado à outras vitaminas.

 

                                                     CAUSAS INFECCIOSAS

 

As principais causas infecciosas de ovo branco são micoplasmose e bactérias secundárias encontradas no meio ambiente ou na mão dos tratadores. O micoplasma afecta os reprodutores de forma lenta, podendo se manifestar até 1,5 ano após a contaminação. Devemos utilizar medicações preventivas de forma estratégica nas fases críticas da criação.

Micoplasmose – causa infertilidade de machos (diagnosticada como ovos brancos), infertilidade de fêmeas, morte do embrião no ovo, principalmente antes da eclosão. Fraqueza de filhotes, morte de filhotes na primeira semana de vida.

Nos filhotes a micoplasmose age - controlando os agentes que acometem os filhotes na primeira semana de vida e na semana seguida ao desmame. Nestas fases os filhotes fiquem stressados, com queda de resistência, acarretando as grandes perdas da criação. A medicação preventiva reduz quadros de "pinta-preta", retenção de saco da gema, diarreia de ninho, morte do filhote na primeira semana de vida, auxilia na reabsorção perfeita do saco da gema, reduz problemas respiratórios e a diarreia dos filhotes no desmame.

Nos adultos a prevenção actua na infertilidade dos machos, na causa de ovos brancos, e de ovos não galados, na mortalidade do embrião e na bicagem do ovo.

Pesquisas mostram que os bioflavonóides contribuem para o aumento da produção de ovos e sobrevivência dos embriões.

Probióticos – são indicados para a formação de uma flora microbiana gástrica e intestinal saudáveis nos adultos, pois desta forma, quando regurgitarem o primeiro alimento para o filhote, estarão passando esta flora para formação nos filhotes.

A melhor forma do criador evitar ou reduzir a formação de ovos brancos é a realização de exames dos ovos e dos reprodutores na época da postura, e organizar um programa de prevenção na criação, que inclui desde a desinfecção do ambiente de criação, até o fornecimento das medicações preventivas e mesmo curativas para todo o plantel. O esquema de prevenção com medicação não pode falhar em nenhuma ave, pois aquelas que não participam da prevenção podem se tornar portadoras caso estejam com o agente. Procure identificar e corrigir todos os pontos descritos neste artigo, para que possa minimizar os riscos de ovos brancos na criação.

 

 

 

                                                                      

                                                     A  INCUBAÇÃO

 

 

Para que os filhotes nasçam todos no mesmo dia e tenham todos as mesmas hipóteses de sobrevivência, é necessário que a incubação dos ovos não seja defasada em dias. A canária põe um ovo cada dia entre as 7 e 9 da manhã, se deixarmos que ela choque os ovos a partir do primeiro dia de postura os filhotes irão nascer com dias de diferença e consequentemente o primeiro será muito maior e os últimos estarão em desvantagem. Todos os dias o ovo acabado de por é retirado do ninho e armazenado em uma caixa aberta e forrada de algodão ou painço por ser uma semente redonda e sem riscos de furar algum ovo com o cuidado de revirar lentamente o ovo de posição duas vezes por dia. No dia da postura do 4º ovo os outros demais são postos novamente no ninho para que comece o choco que dura de 13 a 14 dias e é feita normalmente pela fêmea: às vezes os machos, velhos pais, acabam por auxiliar as canárias nesta tarefa materna.

 

Durante a incubação, o macho bom redobra de atenção para a fêmea: leva-lhe comida no bico, canta com prazer as suas melhores melodias, e quando ela se esquece de mudar de posição e arejar os ovos, vai até o ninho, como a convida-la a fazê-lo.

 

A fêmea a cada hora ou a cada duas horas, levanta-se de cima dos ovos, pousa na borda do ninho, examina-os, e com o bico vai virando os ovos. Depois estende as pernas e as asas, como a espreguiçar-se, voa um pouco para fazer exercícios, come, bebe, excrementa e volta ao choco.

 

A partir do 8º dia de choco, pode-se observar os ovos contra a luz para verificar o desenvolvimento embrionário e eliminar possíveis ovos não fertilizados. Os ovos cheios (galados) apresentam-se escuros e é possível observar vasos sanguíneos no seu interior, quanto aos ovos brancos (não galados) são claros sendo possível observar ainda a gema no seu interior.

 

Ao décimo terceiro dia a fêmea mostra-se mais inquieta, parecendo sentir as vidas novas que tem debaixo dela, as crias picam então a frágil casca do ovo, a mãe ajuda-os a sair na medida do possível, separando pouco a pouco a casca que os oprime, comendo-a muitas vezes ou levando-a para longe do ninho, algo que faz instintivamente já que as cascas indicariam aos predadores o local das crias indefesas na natureza.

 

Alguns, por falta de força, não conseguem sair do ovo e, neste caso, quando não recebem auxílio morrem na casca. O criador experiente, pode socorrê-los, levantando com muito cuidado a casca com um alfinete ou agulha esterelizado, se já houver bicada, alarga-se a fenda com muito cuidado procurando não fazer sangue; se este aparece, suspende-se de imediato a operação, colocando os ovos no ninho para que a mãe venha-os “aviventar” com o seu calor. Caso não existam ainda bicadas na casca e sinta-se o filhote a piar no interior é sinal de que temos de o ajudar mesmo assim começando por romper a casca pela parte da bolsa de ar onde não existem irrigações sanguíneas e aos poucos alarga-se a fenda até a medida do possível verificando se não há sangramento.

 

Há pássaros que levam uma hora para sair da casca, outros demoram até seis horas, que é o mais comun, mas também há filhotes tão fracos que só conseguem desprender-se da casca vinte e quatro horas depois de terem picado o ovo.

 

Assim que nascem, ou à medida que vão nascendo, a canária cobre os filhos com as asas, para que enxuguem e se aqueçam. Durante as primeiras horas de vida, os filhotes alimenta-se com os restos de gema de ovo, donde provém, e que ainda lhe resta no intestino para consumir.

 

Não se deve espantar as fêmeas quando estão no ninho,  para vermos os filhotes é preferível aguardar uma ocasião em que esta saia para se alimentar.

 

Todos os ovos, para um bom desenvolvimento do embrião, necessitam, além do calor, de um certo grau de umidade ambiente.

 

Os bons e maus anos para criação são especialmente consequência de um bom ou mau estado de umidade da atmosfera sobretudo no fim da incubação. Por isso somos de opinião, que é de boa prática fornecer água para o banho todos os dias à canária até ao 12º dia de incubação.

 

 

                                                         ACASALAMENTOS

 

                      Não acredito que seja possível ter sucesso na criação de canários de qualquer raça sem a formação de uma linhagem própria baseada em pássaros de ótima qualidade, por isso tenho lido muito e pesquisado sobre cruzamentos in-breeding, além de genérica básica aplicada aos pássaros.

                      Abaixo sumarizo algumas lições que aprendi com criadores de longa data de Gloster que escreveram este artigo:
https://www.glosters-usa.com/inbreeding.htm



1. Iniciar a criação com os melhores canários que se puder adquirir.


2. Será preciso ter ótimos coronas e ótimos consortes. O Gloster é UMA raça, que possui pássaros com e sem topete. Não dá pra ter uma linhagem somente com topete ou somente sem topete.


3. Qualidade é melhor que quantidade. Por isso não cruzar canários que tenham características indesejáveis.


4. Não manter uma ave apenas porque é da linhagem (família), ao menos que possuam todas as boas características que os outros membros da linhagem portem.


5. Você precisará inserir novos pássaros, com cautela. até ter uma linhagem com a genética desejada. Não dá pra tentar melhorar o padrão somente com cruzamentos cosanguíneos se a família não tiver todas as qualidades que você quer alcançar.


6. Cruzar sempre linha clara com linha escura afim de manter a qualidade das penas.


7. Cruzar consorte com consorte não produzirá bons coronas. Bons coronas devem ter uma cabeça larga, redonda em todos os pontos com boa subida para o centro do crânio.